O couro cabeludo é uma região vital para a saúde capilar e para o equilíbrio da pele. Essa área contém milhares de folículos pilosos, glândulas sebáceas e terminações nervosas, o que a torna suscetível a uma variedade de condições dermatológicas e inflamatórias. Quando o couro cabeludo está comprometido por alguma patologia, isso pode afetar diretamente a qualidade e a quantidade dos fios, além de gerar sintomas desconfortáveis como coceira, descamação, dor ou queda de cabelo.
Conhecer as doenças do couro cabeludo mais comuns é o primeiro passo para buscar tratamento adequado e prevenir complicações. A seguir, explicamos as principais condições que afetam o couro cabeludo, seus sintomas característicos, causas mais frequentes e opções terapêuticas baseadas em evidências clínicas.
As 10 doenças mais comuns do couro cabeludo
Dermatite Seborreica
A dermatite seborreica é uma das enfermidades do couro cabeludo mais prevalentes, especialmente em adultos jovens. É causada por uma inflamação crônica que envolve a proliferação do fungo Malassezia, que vive naturalmente na pele, mas em certas condições (estresse, oleosidade excessiva, variações climáticas), provoca desequilíbrio.
Os sintomas incluem coceira persistente, vermelhidão e descamação oleosa de cor amarelada ou esbranquiçada. A presença de caspa é frequentemente o sinal mais visível, embora nem toda caspa indique dermatite seborreica.
O tratamento consiste em shampoos medicinais com ingredientes como cetoconazol, sulfeto de selênio, ácido salicílico ou piritionato de zinco. Em casos moderados a graves, corticoides tópicos ou antifúngicos orais podem ser necessários. A higiene regular e o controle do estresse são indispensáveis.
Psoríase no couro cabeludo
A psoríase é uma doença autoimune inflamatória que acelera o ciclo de renovação celular da pele, levando à formação de placas espessas.
Quando se manifesta no couro cabeludo, pode ser confundida com caspa severa, mas suas características clínicas são distintas: placas elevadas, avermelhadas, cobertas por escamas prateadas, geralmente acompanhadas de coceira, ardor ou dor. Em casos graves, pode haver fissuras na pele e até queda de cabelo transitória por inflamação local.
O tratamento inclui o uso de shampoos com alcatrão de hulha ou ácido salicílico, cremes corticoides e imunomoduladores tópicos. A fototerapia e medicamentos biológicos são indicados em quadros refratários. A psoríase exige acompanhamento contínuo com dermatologista.
Foliculite
A foliculite é uma infecção ou inflamação dos folículos pilosos, geralmente causada por bactérias como Staphylococcus aureus, embora também possa ter origem fúngica.
Os sintomas incluem o aparecimento de pústulas (espinhas) avermelhadas ou com pus, sensibilidade ao toque, coceira e, por vezes, dor localizada. Pode surgir após o uso de bonés por tempo prolongado, transpiração excessiva ou depilação agressiva do couro cabeludo.
O tratamento varia conforme a gravidade. Em casos leves, a limpeza adequada com sabonetes antissépticos e aplicação de antibióticos tópicos já são eficazes. Casos mais avançados podem requerer antibióticos orais, drenagem ou exames microbiológicos.
Tinea capitis (Micose do couro cabeludo)
A tinea capitis é uma infecção fúngica altamente contagiosa, mais comum em crianças, embora também possa afetar adultos.
Seus sintomas típicos incluem áreas arredondadas com descamação, coceira intensa e perda de cabelo localizada. Em casos avançados, podem formar-se crostas espessas, supuração e linfadenopatia. É frequente o contágio em escolas ou entre irmãos.
O tratamento é feito com antifúngicos orais como griseofulvina ou terbinafina, associados a shampoos antifúngicos. Como é contagiosa, exige cuidado com objetos pessoais e higienização do ambiente doméstico.
Alopecia Areata
A alopecia areata é uma doença autoimune caracterizada pela queda súbita e localizada de cabelos, geralmente em formato circular.
A manifestação mais evidente são áreas lisas, sem inflamação visível, onde os fios caem de forma abrupta. Em muitos casos, pode haver envolvimento das sobrancelhas, cílios e barba. Apesar de não causar dor, o impacto emocional é significativo.
O tratamento pode incluir aplicação de corticoides tópicos, injeções locais de corticosteroides, minoxidil e imunoterapia tópica. Em alguns pacientes, o cabelo volta a crescer espontaneamente, mas o acompanhamento é importante para controlar recorrências.
Lúpus Cutâneo no couro cabeludo
O lúpus eritematoso cutâneo, uma forma de lúpus que afeta predominantemente a pele, pode acometer o couro cabeludo com lesões que resultam em alopecia cicatricial.
As lesões são bem definidas, avermelhadas ou arroxeadas, com escamas aderentes e atrofia da pele. Com o tempo, pode ocorrer despigmentação e perda irreversível dos folículos capilares.
O tratamento envolve uso rigoroso de protetor solar, corticoides tópicos, imunomoduladores como tacrolimus, e, em casos sistêmicos, medicamentos como hidroxicloroquina. O diagnóstico precoce evita sequelas permanentes.
Pediculose (Piolhos)
A pediculose capilar é uma infestação por piolhos, mais comum entre crianças em idade escolar. Os parasitas se alimentam de sangue e se reproduzem rapidamente.
Os sintomas incluem coceira intensa (devido à saliva dos piolhos), irritação no couro cabeludo, presença de lêndeas (ovos) aderidas aos fios, e, em alguns casos, pequenas feridas por arranhamento.
O tratamento envolve o uso de loções ou shampoos pediculicidas, geralmente à base de permetrina ou dimeticona. A remoção manual com pente fino é fundamental, assim como tratar todos os membros da família e desinfetar roupas, lençóis e objetos pessoais.
Eflúvio Telógeno
O eflúvio telógeno é uma forma de queda de cabelo difusa associada a alterações no ciclo capilar. Ocorre quando um número elevado de fios entra prematuramente na fase telógena (de queda).
Entre os principais fatores desencadeantes estão estresse emocional, pós-parto, dietas restritivas, doenças infecciosas, cirurgias ou uso de certos medicamentos.
Os sintomas envolvem uma queda perceptível e difusa de cabelos, especialmente ao lavar ou pentear. A raiz permanece saudável e não há inflamação visível.
O tratamento se baseia na correção da causa subjacente, suplementação vitamínica (ferro, zinco, biotina), uso de minoxidil e técnicas regenerativas como mesoterapia capilar. A evolução costuma ser favorável com acompanhamento adequado.
Liquen Plano Pilar
O liquen plano pilar é uma doença inflamatória rara, de origem autoimune, que afeta os folículos pilosos e pode levar à alopecia definitiva.
Os primeiros sinais clínicos incluem dor, coceira intensa, sensação de queimação e áreas com escamas perifoliculares. Com o tempo, o folículo é destruído, resultando em cicatrizes e perda permanente dos fios.
O tratamento deve ser iniciado o quanto antes com corticoides tópicos ou orais, imunossupressores (como metotrexato ou ciclosporina) e fototerapia. Em alguns casos, o minoxidil pode ajudar na recuperação parcial dos fios não cicatrizados.
Tricotilomania
A tricotilomania é um transtorno do controle dos impulsos que leva a pessoa a arrancar os próprios cabelos, frequentemente de forma inconsciente.
As falhas capilares são irregulares, com fios quebrados em diferentes alturas. É comum que o paciente negue o hábito ou o faça em momentos de ansiedade ou estresse.
O tratamento requer abordagem psicológica, principalmente com terapia cognitivo-comportamental (TCC), e, em alguns casos, medicação ansiolítica ou antidepressiva. O suporte familiar é essencial para a adesão ao tratamento.
Conclusão
As doenças do couro cabeludo são variadas, com origens infecciosas, inflamatórias, autoimunes ou comportamentais. Muitas vezes, os sinais iniciais são sutis, e o diagnóstico precoce pode evitar complicações mais graves, como a alopecia cicatricial ou infecções crônicas.
Se você está sofrendo com queda de cabelo, coceira, irritação ou alterações na textura do couro cabeludo, procure imediatamente um tricologista ou dermatologista especializado. O tratamento correto pode restaurar a saúde capilar e devolver sua autoestima.